12 março, 2007










"Changes are shifting outside the word..."


Querendo falar de amor...

“O sofrimento nasce quando esperamos que os outros nos amem da maneira que imaginamos, e não da maneira com que o amor deve se manifestar – livre, sem controle,
nos guiando com sua força, nos impedindo de parar.”

Trecho do livro, O Zahir de Paulo Coelho.

Toda vez é assim, tudo sempre igual, parece até música quando você decora e passa dias cantando em qualquer lugar: no carro, andando pelas ruas, no trabalho quando está ao telefone, esperando alguém do outro lado atender, sempre assim, igual, exatamente igual! Estava ela reclamando com seu pensamento. Sim, ela conversa com o pensamento e às vezes eles até discutem, devido as divergências. Ela chama isso de “incompatibilidade de gênios”, ele chama de “teimosia” (“ele”, é o pensamento!). Estavam conversando sobre como andava levando a vida, ou melhor, como a vida andava levando-a e percebeu que a vida estava sendo chata, porque ela não estava tendo o controle da situação, estava deixando tudo a cargo do tal destino. O pensamento retrucou que ela não estava deixando tudo a cargo do destino, ela estava era mesmo, acomodada, acomodadíssima. Quis sacudir a cabeça para o pensamento cessar, calar-se, mas ele insistia em falar-lhe, insistia em dar sua opinião, mas ela não queria ouvir sua opinião, não queria aceitar que estava errada.
Vamos falar de amor, disse ela ao pensamento. Ele retrucou: Amor?!? Que amor? Você está sozinha... Nossa, mas hoje você está tão chatinho... Tão crítico! Sacudiu a cabeça com toda força e fez uma ligação, talvez assim, “ele” calasse a boca, a maldita boca. Conversou banalidades ao telefone, deu risadas e desligou.
Você não quer mais sofrer, né? Pronto! Lá vem ele de novo, o educado! Educado, porquê enquanto estava ao telefone, ele calou-se, não me atormentou, mas bastou eu parar, pra começar tudo de novo. Ok, ok, vamos discutir sobre sofrimento, relacionamento, vida, etc, etc. Estou pronta... Pode começar!
Você quer amar e ser amada, mas não quer sofrer...
Lógico, ninguém quer sofrer, por que eu deveria querer?
Por que é assim que as coisas funcionam, mas se você ultimamente, tomasse as rédeas da sua vida, não deixasse tudo assim solto, a deriva, como estão, talvez tivesse aprendido mais sobre o amor, sobre o sofrimento, sobre ser amada.
Talvez eu não queira mais aprender nada, já aprendi o bastante, já me machuquei e doeu bastante, não estou mais disposta a passar por isso.
Passar pelo o quê? Por uma dor num final de semana, pela ausência de um corpo físico?
É, por ausência de um corpo físico, por ausência de um amor.
Pare de mentir pra si mesma, vá a luta de seus ideais...
Que ideais???
Você tem ideais, só ainda não os listou, não os enumerou, não colocou sob um pedaço de papel, mas têm.
Ah tá, então agora iremos falar de ideais, né?
Não, vamos continuar falando de amor...
Mas eu não quero!
Quer sim, eu sei que quer, e sabe por quê? Porque você acha que a sua vida poderia ser bem melhor, se você estivesse amando.
Sacudiu a cabeça, acendeu um cigarro, e foi olhar o movimento da rua, não queria mais pensar, não queria mais conversar sobre isso. Sabia, que no fundo, no fundo, seu amigo (?) tinha razão, Paulo Coelho tinha razão, os amantes tinham razão, sua mãe tinha razão. Ela precisava descobri que amar não era somente euforia, prazer e depois sofrimento, e sim, plenitude, força e um monte de coisas boas e que sofrer é opcional.
Seu pensamento calou a boca.

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